Hi,Dublin,How are You?
Postado por Rhaiza Oliveira , terça-feira, 20 de novembro de 2012 05:56
Fortaleza,
vinte de Novembro de 2012.
Oi,
tudo bem?
Que
modo mais safado de se começar uma carta. É que, na verdade, não sei bem como
falar com você. Meu sentimento de curiosidade em saber como anda tua vida se
soma ao sentimento de tristeza de saber que os meses estão passando numa esfera
estranha entre rápido e devagar, e que não sei realmente quem vou encontrar na
tua volta.
Como
está por aqui? Tá tudo bem... Entre os acessos estranhos de tristeza e os
desafios cotidianos de continuar, tá tudo bem. Agora eu tenho alguém que posso
contar e me sentir acolhida... Legal, né? Pois é, faz tempo que não me sentia bem assim,
tá tudo leve e caminhando pro bem. Estou bem feliz, na maioria das vezes. Os
probleminhas familiares continuam, mas nada que não tenha fim.
Sinto
sua falta, ainda misturada com o medo citado anteriormente do que vou encontrar
quando você voltar. Espero que continue a mesma coisa. Não, mentira. Espero que
melhore. Fico vendo tuas fotos e imaginando como seria legal estar contigo
tomando cervejas caras e vendo shows que a gente nunca poderia imaginar que
veria na vida. Mas ao mesmo tempo eu queria apenas o teu quarto, as conversas
estranhas sobre como a gente não toma jeito mesmo. Você hidratando o cabelo
enquanto contava como tinha sido a noite anterior e como estava feliz por
aquele menino ter aparecido na tua vida também.
É
uma merda mesmo, vivo dizendo que quero algo maior que isso, mas sinto falta da
vida provinciana com você nessa cidade esquisita e de poucos amigos. Mas calma
que um dia a gente pode fazer uma viagem cheia de erros e acertos, se você
quiser.
Pois
é, to vivendo bem. Com saudade, mas bem. É assim mesmo, a gente não morre
quando perde alguém, mesmo que temporariamente. Mas lembro de você com carinho
e espero que você volte pelo menos com
alguma lembrança boa dessa vida conturbada que deu um tempo em nove de
setembro. E quem sabe, quando você voltar, tudo se acalme ainda mais, do nosso
jeito, cheio de inquietudes.
Conta-me
de você... Quantos museus você visitou? Tá frio por aí? Queria frio, essa
cidade tá mais quente que nunca. E eu continuo cheia de clichês, escrevendo uma
carta pra falar do tempo... Enfim... Os dentes dos irlandeses são feios mesmo?
Liverpool é bonita como dizem? Viu o Morrissey andando pela rua sendo lindo?
Você ainda lembra de mim?
Fica
bem, meu bem. Termino essa carta aqui de modo brusco porque não saberia
terminar de outra forma. Muitas saudades. Viva.
Amo
você.